Engenho Turmalina da Serra, em Areia (PB), produz cachaça ao som de música clássica e terá chalés para hospedagem

Destaque Paraíba

A Paraíba tem a maior produção de cachaça do Nordeste, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, por meio do anuário 2020 ‘A cachaça no Brasil’. O Estado tem 33 registros de estabelecimentos produtores, o sexto no ranking nacional. Em relação às cidades que contam com maior número de produtores de cachaça, a Paraíba também se destaca. Areia, na região do Brejo, conta com sete estabelecimentos, se posicionando em 7º no ranking nacional. Alagoa Nova, cidade próxima a Areia, fecha o top 10, com seis estabelecimentos produtores.

Areia pode receber o Título de Capital Paraibana da Cachaça. O Projeto de Lei já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa da Paraíba e vai a plenário para aprovação. O projeto é do deputado Eduardo Carneiro.

A cachaça em Areia tem trazido uma série de benefícios para a região, a partir das atividades relacionadas também ao turismo de experiência. Há pelo menos seis engenhos que estão à disposição dos turistas para visitação, algo que vem se tornando bastante intenso nos últimos dois anos, conforme empresários que exploram essa atividade e que estão inserido na Rota dos Engenhos, que mapeou os estabelecimentos que estão abertos ao público.

Engenho Turmalina da Serra terá chalés

O publicitário Jurandir Miranda, trocou a corre-corre do trabalho das cidades grandes pela bucólica Areia, a cerca de 90 km de João Pessoa, capital da Paraíba. Adquiriu uma área de 110 hectares. com 60 mil m² de Mata Atlântica preservada, reformou praticamente tudo e começou a intensificar o aprendizado de como funciona a indústria da produção da cachaça. Fez cursos, viajou pelo Brasil e Europa e conseguiu notoriedade na produção de sua cachaça, sendo, inclusive, premiada durante a Expo Cachaça, evento realizado em Minas Gerais.

O engenho está aberto à visitação há três semanas e a procura não para desde então. Os grupos podem curtir o conhecimento da produção da cachaça e contemplar a natureza por cerca de duas horas. O local é paradisíaco, com lago, cachoeiras, área para trilhas, que podem ser feitas a pé ou motorizado (há quadriciclos disponíveis).

A visita deve ser agendada e a entrada custa apenas R$ 10. Para fazer as trilhas, o turista paga mais R$ 25. As refeições, como almoço, também devem ser agendadas e custam R$ 90 (criança paga R$ 45). Toda comida é da gastronomia regional. O local também tem estrutura para receber grupos acima de 40 pessoas para passarem o dia, das 9h às 17h. Há agendamento para confraternizações de empresas.

Após as visitas ao setor de produção de cachaça e de toda a área do engenho, as pessoas podem degustar algumas das cachaças na lojinha do Turmalina. Jurandir conta que há uma série de garrafas para cada tipo da bebida, mas algumas delas podem custar até R$ 900, como é o caso de uma que exportou a garrafa da Europa e que tem poucas unidades. As cachaças, porém, custam de R$ 40 a R$ 200, a unidade, mas vale cada centavo gasto, principalmente, para aqueles que são consumidores da bebidas, ou mesmo para presentear alguma amigo ou parente.

Ateliê da Malu tem obras em argila

O engenho ainda oferece uma visita ao ateliê de Malu Miranda, com peças de artesanato produzidas pela artista plástica, esposa de Jurandir. Malu aprendeu a trabalhar com argila, como um hobby, mas, quando teve que morar em Areia, passou a produzir em escala maior. Quando colocou à venda, o sucesso foi tão imediato que resolveu construir o ateliê. Os trabalhos dela já foram reconhecidos nacionalmente, tendo participado com destaque do Casa Cor Paraíba, em 2018, cujo o tema abordou ‘Do Sertão ao Mar’. Todas as 120 peças colocadas em exposição foram vendidas.

O sucesso do trabalho do Engenho Turmalina da Serra chegará ao ápice com a construção de unidades habitacionais para atender as pessoas que optarem por uma estadia em plena natureza. Segundo Jurandir, o projeto para a construção de 10 chalés está pronto e deve ser colocado em prática até o primeiro semestre de 2021. Os chalés serão instalados numa área em que as pessoas possam ter privacidade em meio à natureza bruta, com vários tamanhos para atender casais e famílias.

Fermentação ao som de músicas clássicas

A produção de cachaça no Engenho Turmalina da Serra varia entre 20 mil a 30 mil litros por ano. Toda a cana de açúcar utilizada é extraída da propriedade. Todo processo de produção é artesanal e o tempo da moagem chega a quatro meses. Um detalhe interessante, é que o período de fermentação caiu de 46 horas para apenas 26 horas com a utilização de músicas clássicas. Segundo estudos, a música clássica harmoniza melhor a união de moléculas, melhorando, consequentemente, a harmonização da cachaça e acelerando o processo de produção.

Segundo Jurandir, 30% dos dejetos da produção são transformados em álcool combustível, que é utilizado. Esse ano, os 12 produtores de cachaça da região produziram álcool 70, que foi distribuído para instituições e hospitais.

Avaliação para colocar nas prateleiras das agências

A reportagem do Turismo em Foco visitou três engenhos de cachaça a convite da Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens), UFPB (Universidade Federal da Paraíba) – por meio do Curso de Turismo e Hotelaria – e Sebrae da Paraíba. Visitamos os engenhos da Cachaça Triunfo, Cachaça Turmalina da Serra e Cachaça Rainha (esse em Bananeiras).

As três instituições estão avaliando os equipamentos turísticos na região, para entender o seu funcionamento, a prestação de serviços, pontuando itens como hospitalidade, infraestrutura, atendimento, marketing, entre outros, para, no final do trabalho, se ter uma ideia de como vem sendo desenvolvida a atividade turística, buscando melhorias e aperfeiçoamento, inclusive, correção de alguns possíveis erros.

Fábio Cardoso – Fotos: Beth Espínola