Protagonismo negativo da diretoria do Flamengo pode respingar no brilhantismo da equipe em campo

Esportes Fábio Cardoso

Confesso que comecei a assistir a final da Taça Rio, quarta-feira (08) à noite, entre Flamengo e Fluninense, no Maracanâ, pensando em um resultado fácil para o time rubro-negro, goleada mesmo, pelo retrospecto das últimas partidas dos dois nesse início de atividades após a flexibilização das atividades no Rio de Janeiro.
No tempo normal, a partida terminou empatada em 1 a 1. Nos pênaltis, o Flu venceu por 3 a 2, com o goleiro Muriel tendo defendido duas bolas – Rafinha e Arão – e a outra Leo Pereira isolou.

O resultado, título para o Fluminense, não me deixou exatamente surpreso, afinal, ‘clássico é clássico e vice-versa’, já diria o ex-atacante do Grêmio, Jardel. O que me deixou pasmo, foi o péssimo futebol apresentado pelo Flamengo, irreconhecível. Para se ter uma ideia, pensei que GabiGol não estava jogando, pois não o vi pegar na bola.

O jogo foi horrível, com praticamente quase nenhuma chance de gol. Muito toque de bola improdutivo, recuadas e os dois times segurando a bola parecendo não querer nada, nem jogar. Aliás, a partida nem clima de final de taça tinha, tamanha apatia, principalmente, dos flamenguistas.

Mas, o que está havendo com o Flamengo? Será que a possível saída do Mister Jesus já esteja abalando e desanimando o elenco? Será que ainda precisam de mais tempo de treinamento? Será que a imagem negativa que tem se criado em torno do clube, com disputas judiciais pela transmissão de jogos estaria prejudicando? Será que a crônica esportiva não trata mais o clube como um fenômino?

Acredito que seja um pouco de cada coisa. E, aí, na minha opinião, é bom que a diretoria do clube comece a pensar numa plano B, num C, num D. A saída de Jesus será impactante, mas o mercado pode substituir a médio prazo; A fase de treinamento poderá colocar a equipe de volta nos trilhos e às vitórias com maior brilhantismo e protagonismo.

Mas, o desgaste de imagem do clube pode não ser rapidamente revertida. As últimas conquistas – merecidas – e a badalação subiram na cabeça da diretoria do clube. O torcedor pode passar por isso, o dirigente de futebol profissional, não.

Aí, começaram a querer medir força com grupos jornalísticos, a menosprezar os adversários, a querer melhores planilhas financeiras, a imaginar que o clube é imprescindível em qualquer competição. Uma série de atos que têm trazido fluídos negativos e a fúria de torcedores de outros clubes, que já ultrapassaram a rivalidade meramente esportiva.

Esse conjunto de coisas afasta torcedores, afasta patrocinadores, que são as duas maiores fontes de renda de qualquer clube de futebol, em especial. Se consegue um contrato de patrocínio milionário uma, duas vezes, mas na terceira a empresa já passa a questionar determinadas condutas.

Sempre fui contra os métodos da Rede Globo de negociar eventos, apesar de achar que as outras não têm estrutura financeira e tecnológica para concorrer. Mas é inegável que a transmissão de uma partida do Flamengo pela Globo é imensamente superior ao transmitido na FlaTV. O patricinador sabe disso.

De qualquer forma, ainda em tempo de pandemia do coronavírus, espero que a diretoria do Flamengo repense alguns conceitos e escute mais a voz dos torcedores. Não sou flamenguista, mas gosto do bom futebol, do futebol arte a qual estava acostumado a ver no atual Flamengo.

Fábio Cardoso