TV Tambaú completa 31 anos esquecendo a sua história, o seu passado

Destaque Fábio Cardoso Paraíba

Cinco de agosto de 1991. Nem parece, mas se passaram 31 anos da primeira transmissão da TV Tambaú, então afiliada da TV Manchete, que tinha sede no Rio de Janeiro. Já são três décadas de muitas mudanças e, sem modéstia alguma, afirmo que a melhor equipe da emissora foi a primeira, coordenada pelo jornalista Joanildo Mendes, que, ao ser convidado para assumir o cargo de diretor de Jornalismo, não pensou duas vezes em renovar os nomes dos profissionais que trabalhavam na área, na Paraíba. Assim, 70% da equipe de produção da TV eram jornalistas que nunca haviam passado nem perto de uma emissora de TV. 

O time era formado por Jacinto Barbosa, Denise Villar, Wellington Farias e eu, entre outros. Entrei na TV Tambaú como apurador de notas, aquele que ligava para saber a última informação, uma repercussão, de alguma matéria veiculada no jornal da hora. A equipe passou por um treinamento de três meses. Isso mesmo. A TV já respirava jornalismo três meses antes de ir ao ar, produzindo reportagens, fazendo pilotos dos jornais, das entrevistas. Fui de apurador de notas a entrevistado em um desses pilotos. Um laboratório que nem nos bancos das universidades se tem comparação.

A equipe da TV Tambaú era, literalmente, uma irmandade. Pensávamos tudo juntos; Discutimos tudo juntos; Comemoraremos tudo juntos. Foram momentos de criação de programas de excelência, com conteúdo, com emoção, com vida. Na lista cito Manchete Esportiva, quando colocamos o esporte amador em evidência; o Sentença Popular, momento em que discutimos com a sociedade temas polêmicos; as coberturas ao vivo da Micarande, em Campina Grande, ou Micaroa, em João Pessoa; e uma cobertura completa do nascer do Projeto Folia de Rua.

Fomos recepcionar a seleção brasileira de futebol na base aérea do Recife, equipa que trazia na bagagem a Copa do Mundo, o nosso Tetra conquistado nos Estados Unidos. Fomos a primeira emissora em nível nacional a ouvir um dos jogadores (o pernambucano Ricardo Rocha) na chegada. A seleção, brigada com a imprensa, fez greve. Nenhum deles concedia entrevista. Nós conseguimos. Na época, o SBT, emissora a qual já éramos afiliados, usou as nossas imagens e entrevista, conseguida na frente do carro do Corpo de Bombeiros em movimento. A taça a um palmo da nossa vista, segurada por Romário. 

Essa equipe teve a audácia de criar um bloco de Carnaval. A ideia surgiu na noite da segunda-feira de Carnaval. Durante uma reunião de pauta, lamentávamos não ter brincado essa festa fantástica por causa dos nossos programas. Então, decidimos criar um bloco nosso. Convidamos representantes de todos os blocos do Folia de Rua, pedimos apoio para um trio elétrico e algumas bebidas. Solicitamos a interdição de parte do trânsito na orla entre Cabo Branco e Tambaú e lá fomos nós brincar o Carnaval. O bloco saiu por mais três anos, quando foi criado o Bloco da Ressaca, privado, que tomou o nosso lugar, cedido com nosso louvor.

Produzimos o maior programa em homenagem ao centenário de fundação do Flamengo. No Sentença Popular, perguntamos quem era o clube mais querido da Paraíba. O computador quase deu pane, com o contador de ligações disparado em segundos com as votações. Milhões e milhões de ligações. Um tributo ao clube que tem a maior torcida do Brasil.

Esse texto, para mim, é uma forma de agradecimento ao amigo/irmão Joanildo Mendes, que me tirou da editoria do Jornal O Norte, me propondo esse desafio. Fiquei na TV Tambaú por nove anos, passando de cargo em cargo, chegando até a editoria geral adjunta. Saí por opção própria. Como sempre, queria ver novos horizontes, enfrentar novos desafios. Não me arrependo. Sou grato aos amigos como Werneck Barreto, José Vieira Neto, Jonas Batista, Rosa Aguiar, Nelma Figueiredo, Lissiane Loureiro, Carmem Lísia, Bob Wagner, Joaquim Schiller, Jacinto Barbosa, Fernando Santana, que começaram essa história, entre muitos aos quais aprendemos e ensinamos.

Fechando esse depoimento nesse dia de festa sobre a TV Tambaú, seria importante que a atual diretoria fosse um pouquinho mais justa com aqueles profissionais que colocaram a emissora no ar e fizeram dela a companheira de todos os dias dos paraibanos. Anos passam e o esquecimento e falta reconhecimento a cada um desses profissionais ficam cada vez mais clara. Começamos do nada, sem o auxílio da tecnologia, sem equipamentos de ponta como os atuais, que podem produzir até o irreal. 

Parabéns TV Tambaú. 

Fábio Cardoso