A cidade de Araruna, no agreste paraibano, fica movimentada entre os meses de setembro a dezembro. São muitos turistas brasileiros e da Europa que visitam a cidade no período em busca de aventuras e adrenalina. Muitos são pilotos de asa delta e parapente que apontam a cidade serrana como o melhor local no mundo para quem busca vencer limites pessoais e bater recordes de voos de longa distância, também conhecido como Cross Country. No último dia 10 de outubro, o piloto brasileiro Glauco Pinto saltou com sua asa delta de uma rampa natural localizada na divisa entre Araruna e Tacima. Ele voou 631,83 km por 10h15 seguidas até uma cidade no Ceará. Novos recordes sulamericano e mundial.
Ciente do potencial turístico da cidade, conhecida mundialmente pelos esportes radicais praticados na Pedra da Boca e nas rampas de voo livre, o secretário executivo de Turismo de Araruna, Edvaldo da Costa, vê uma oportunidade a ser explorada pelo poder público e iniciativa privada. Segundo Costa, há mais de 20 anos a região da Serra de Araruna recebe pilotos brasileiros e europeus para a prática de voo livre. Nesse período melhorias foram feitas, mas há carências. Ele refere-se a uma maior infraestrutura hoteleira, de serviço e a ausência de uma escola para novos praticantes do esporte. E porque não há, ainda?
“Os pilotos vêm todos os anos. A geografia daqui é única no mundo. Temos os ventos, as térmicas que são únicas. Quem deseja bater seu próprio limite pessoal ou mesmo um recorde mundial de voo de longa distância tem que vir para cá. Mas ainda não houve aquela explosão de praticantes locais, da Paraíba ou da região. Não adianta instalarmos uma estrutura visando a formação de novos praticantes se não houver a demanda”, explica. Nesse sentido, a prefeitura vem fazendo sua parte. Fez terraplanagem nas estradas de acesso às rampas e promove eventos esportivos para divulgar a modalidade.
Edvaldo da Costa garante que os pilotos brasileiros que vem à Araruna são de Natal, no Rio Grande do Norte, e de cidades do Sul e Sudeste. O piloto Glauco Pinto é brasiliense, por exemplo. Ele entende que há condições para atrair amantes do esporte, principalmente3 de João Pessoa e Campina Grande, as duas maiores cidades paraibanas e que recebem turistas o ano todo. “João Pessoa recebe muito praticante de kitesurf, que é um esporte que se assemelha muito ao voo livre e a nossa intenção é atrai-los para Araruna. Esse é nosso objetivo, pois a distância é de pouco mais de 130 km”, avisa.
A Havaí do voo livre – O engenheiro agronômo George Antonio é piloto de asa delta há mais de 40 anos. Ex-piloto de avião, esse paulistano vem duas vezes por ano à Araruna. Desce no aeroporto Castro Pinto e segue direto para a cidade serrana. “Sei que João Pessoa é belíssima, tem praias únicas e muito tranquila. Mas não conheço. Adoro Araruna pela tranquilidade e pelos ventos alísios que me possibilitam voar. Venho uma vez por ano para voar e outra com a família”, relata.
Joca, como também é conhecido entre os pilotos de asa delta, diz que Araruna é a “Havai do voo livre” para quem pratica esse esporte, ou por hobby ou profissionalmente. “Não tem outro lugar como esse. Quem voa e sonha em vencer seus limites, tem que uma vez na vida conhecer Araruna e seus ventos”, garante. O objetivo pessoal desse paulistano é voar ininterruptamente por 400km, entre Araruna e Quixadá, no Ceará. “Cada um com seus desafios”, diz.
Como todo piloto, Joca faz questão de montar sua asa delta. O equipamento veio direto de São Paulo por rodovia, em sua Hilux anos 90. A montagem é minuciosa, demorada e cheia de detalhes. Os encaixes têm que ser perfeitos, sem pressa. “Os voos são longos e temos que confiar no equipamento”, argumenta.
Equipe local para resgate
A presença de pilotos brasileiros e europeus por até 20 dias em Araruna gera emprego e renda para os moradores. As pessoas são contratadas para dirigir veículos 4×4 por estradas esburacadas, rodovias e entre fazendas e vilarejos. É preciso conhecer a região na palma da mão. Uma das pessoas contratadas para realizar o ‘resgate’ dos pilotos é Valter Azevedo, também conhecido por Para. Nascido em Araruna, mas criado no Rio de Janeiro por vários anos, Para é um praticante de voo livre e também trabalha no resgate de pilotos brasileiros e estrangeiros. Ele conta que não fala inglês, mas que isso não é um empecilho para ser contratado, por exemplo, pelos três pilotos poloneses que estavam na cidade em outubro. “Nos comunicamos por sinal, falamos algumas expressões básicas do inglês. O importante é que conheço a região, entendo do funcionamento do equipamento e gosto do que faço”, garante.
Valter Azevedo informa que a vinda de pilotos brasileiros até Araruna tem o acompanhamento da Confederação Brasileira de Voo Livre (CBVL). “São eles que confirmar oficialmente os recordes. Todos os pilotos são ranqueados. Quem quiser pode acompanhar o dia dia deles pelo site da confederação ou pelo XContest Cross Country”, disse. Para saber os resultados dos pilotos brasileiros basta acessar: https://www.xcontest.org/world/en/flights/detail:glaucopinto/10.10.2019/10:20
Voos matinais – Os pilotos mais experientes em voo livre são unânimes: Araruna não é recomendada para iniciantes. O motivo? As rampas naturais ficam em locais elevados, montanhas, muito acima do nível do mar. Outro senão para quem está iniciando no voo livre, seja de asa delta ou em parapente, é saber domar os ventos e as térmicas durante o voo.
O melhor horário para se praticar o voo livre é pela manhã. Informam os experts que nesse período as térmicas são constantes, há vasta formação de nuvens com teto acima de 1.000 metros, além da ótima visibilidade. A região de Araruna também possui estradas em excelentes condições de uso e muitas opções de pouso. A rampa natural utilizada pelos pilotos está localizada na PB – 111, na estrada Tacima-Araruna, em Campo de Santana.
Assessoria de Imprensa PBTur