Pelé morre aos 82 anos e projeto do Museu do Milésimo gol em João Pessoa pode ganhar mais força

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Nem toda a torcida do mundo conseguiu evitar o que ninguém queria, mas que aconteceria a qualquer momento. Aos 82 anos de idade, o cidadão Edson Arantes do Nascimento morreu após um período de internação no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Pelé, o nosso Rei do Futebol, não resistiu a complicações de um câncer no cólon e morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Ele deixa seis filhos.

A notícias deixa o mundo do futebol de luto, triste, lamentando essa perda irreparável. O velório de Pelé acontecerá na Vila Belmiro, estádio que foi sua casa durante 18 anos. O corpo será enterrado no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, onde tinha um espaço reservado desde 2003.

Pelé era considerado um ser incomparável no futebol mundial, chegando a parar uma guerra na África. Em 1967, as duas facções envolvidas na guerra civil da Nigéria acertaram um cessar-fogo de 48 horas para que todos pudessem assistir ao Rei do Futebol num jogo de exibição em Lagos. 

Reportagem de André Gallindo resgatou a história do milésimo gol de Pelé, que teria ocorrido em João Pessoa.

Milésimo gol do Rei teria acontecido na Paraíba

Se tinha uma coisa que Pelé sabia fazer era marcar gols. E um deles, em especial e mais polêmico, foi o milésimo. Ao longo de sua carreira, o Rei marcou 1283 gols, de todos os jeitos possíveis: de bicicleta, de pé esquerdo, pé direito, de cabeça. Diz a história que o gol 1000 teria saído de uma cobrança de pênalti às 23h23 da noite de 19 de novembro de 1969, em partida entre Vasco e Santos, válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no Maracanã, no Rio de Janeiro.

Porém, o milésimo gol de Pelé não foi marcado no Rio de Janeiro. Não aconteceu no Dia da Bandeira. Não teve como vítima o goleiro argentino Andrada, do Vasco. O milésimo gol foi anotado em João Pessoa. Ocorreu em 14 de novembro de 1969, cinco dias antes do, injustamente eternizado, jogo do Maracanã. E seu coadjuvante foi o goleiro paraibano Lula, do Botafogo da Paraíba.

Após três meses de pesquisa do jornalista Valmir Stort, a Folha constatou uma falha na contagem dos gols do maior jogador de futebol de todos os tempos. O tropeço estatístico compromete toda a história oficial da trajetória esportiva dele. O erro se deu no ano mais atribulado da carreira do atleta. Em 1959, Pelé marcou 127 gols em 103 jogos pelo Santos, pelas seleções paulista e brasileira e pelo time das Forças Armadas (ele servia o Exército na época).

Essa polêmica persiste até hoje e nem mesmo Pelé quis se envolver. É verdade que ele teria confirmado a versão da Folha de S.Paulo. O produtor cultural Fábio Henrique resgatou toda essa história do milésimo gol e tem um projeto que faz do palco da partida e do gol histórico um ponto turístico de João Pessoa. O campo do estádio José Américo, na Vila Olímpica, seria transformado em roteiro para que os turistas possam conhecer o local, a história e a importância de Pelé para o futebol mundial.

Fábio Henrique contou que tem, inclusive, alguns objetos que podem ser doados para a construção de um futuro museu na Vila Olímpica e que possam servir de testemunho daquele momento histórico. O projeto já foi apresentado às autoridades de João Pessoa e do Governo do Estado e deve ter mais força com a perda de Pelé. No período da pesquisa, o produtor disse que ainda tentou meios de chegar até Pelé para que pudesse ajudar na conquista deste espaço e até mesmo confirmar a autoria daquele gol histórico. 

Reveja a reportagem veiculada em 18 de novembro de 2019; / https://globoplay.globo.com/v/8096733/

Fábio Cardoso